sábado, 19 de março de 2011

Identidade

Qual é, hoje, a principal ameaça? A da progressiva desaparição da diversidade do mundo. O nivelamento das pessoas, a redução de todas as culturas a uma «civilização mundial» construída sobre tudo o que há de mais comum. Já hoje, de uma ponta à outra do planeta, se vê erguerem-se o mesmo tipo de construções, instaurarem-se os mesmos hábitos mentais. De Holiday Inn em Howard Johnson, começam-se a desenhar os contornos de um mundo uniformemente cinzento. Viajei muito – por muitos continentes. A alegria que experimentamos no decurso de uma viagem, é a de ver modos de vida ainda enraizados, ver viver com o ritmo que lhes é próprio povos diferentes, de uma outra cor de pele, de uma outra cultura, de uma outra mentalidade – e que se orgulham da sua diferença. Creio que é esta diversidade que faz a riqueza do mundo, e que o igualitarismo está em vias de a matar. É por isso que importa não apenas «respeitar os outros» – apenas com a boca –, mas de, em todo o lado, suscitar o mais legítimo dos anseios que possa haver: o de afirmar uma personalidade diferente de qualquer outra, de defender uma herança, de se governar a si próprio segundo aquilo que realmente se é. E isso implica lutar, frontalmente, contra um pseudo-antirracismo negador das diferenças, e contra um racismo ameaçador que é, ele também, a recusa do Outro – a recusa da diversidade.

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